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21 de mar. de 2011

Era uma vez (...) memória poética do TREM DA ESTAÇÃO!





Juazeiro, 23 de novembro de 2009


1ª estAÇÃO literária UBUNTU

UM ENCONTRO DE SERES HUMANOS LIVRES – CONECTADOS



A 1ª estAÇÃO literária UBUNTU foi um encontro de pessoas que se deslocaram a partir de lugares e pensamentos diversos ou não. A leitura é uma prática cultural, e como tal é importante afirmar que todos somos leitores. Entendemos o acesso como um ato democrático e importante na formação do comportamento leitor, mas ele isoladamente não garante a participação de todos. Quando projetamos a 1ª estAÇÃO literária UBUNTU sonhamos com a possibilidade de construir comportamentos, como por exemplo: na liberdade de escolha, de olhares ora assustados ora encantados, surpresos, de gestos autorizados no espaço, de interação com as diferentes práticas culturais e essencialmente a formação, ainda que “acanhada”, de uma rede de leitores. Um encontro entre diferentes territórios, entre os diferentes saberes - o espaço público e o privado. Um espaço poético, de denuncia(abandono e descaso com o patrimônio histórico) e propositivo, já que entendemos que a Estação literária tem compromisso e responsabilidade com as causas que defendemos nos dias 24 e 25/11 nos GALPÕES abandonados, da antiga FRANAVE.



IMPRESSÕES POÉTICAS DO “TREM DA ESTAÇÃO”



Estação Literária Ubuntu: um reinado de risos, inclusão e arte


(fragmentos do texto de Patrícia Braille)


Vi o milagre da união acontecer, quando um casarão em ruínas se transformou em castelo “da noite para o dia” [só quem esteve nos bastidores saberá que truque foi capaz de me dar essa ilusão].


“Ruy é rei!”. Ninguém duvidaria disso ao vê-lo pintando muito mais que o sete rodeado de crianças [e ele era uma delas].


A insegurança quanto ao local mais adequado para realizar a oficina de Braille se diluía no ar quando a voz de Martinália se espalhava como um recado do céu: “Don’t Worry be happy”... Salve, DJ Bandido!! Sua filha tem mesmo bom gosto musical, moço! Nunca pensei que fosse aclamar um Rei Bandido...


“Patie, vamos para a ‘Sala do Foguete’ que lá parece ser mais tranqüilo realizarmos a oficina”, convidou o Rei Ricardo, com aquela doçura imperativa.


Tapetes vermelhos, cortinas floridas, sorrisos estampando corpos que se expressavam na dança, nos abraços, nas músicas tocadas. O Velho Chico, emocionado, observava tudo e se mostrava mais bonito e profundo só para nos prestigiar.


O Sol chorava de alegria e chovia calor, como poeticamente dizia no livro Palavras Trocadas [em Braille e em Tinta!]. A temperatura alta, típica do Sertão, e o calor humano, típico de pessoas como nós, nos fazia conjugar o verbo ferver em todos os tempos e modos.


Ai, Juazeiro, não me peça que te esqueça... Talvez eu não seja Rainha, mas já me sinto meio princesa...


Patrícia Braille. Salvador, 28 de novembro de 2009




A ESTAÇÃO FAVORECEU

A estAÇÃO literária UBUNTU é um território educativo concebido para romper com a idéia da literatura apenas com fins comerciais; da leitura associada às prateleiras empoeiradas, romper com a cultura do show , do espetáculo, sem intervir no foco e no essencial. É um espaço poético, de denuncia e de proposição e assim favorecer a :

• A intimidade com o livro e com as diferentes práticas culturais

• Fomentar desejo e curiosidade, considerando o propósito da leitura por prazer;

• Entender o espaço não como uma situação “pontual”, mas como um diálogo na formação das práticas culturais e com ênfase nas práticas de leitura.

• Aguçar a curiosidade sobre os processos de inclusão e aprender a partir de seus desafios diante de uma sociedade individualizada e marcada pelo preconceito e ampla desigualdade social;

• Valorizar o patrimônio material e imaterial como elementos de identidade;



LIÇÕES APRENDIDAS

A Estação se desafiou construir novos comportamentos questionando que só o acesso a quaisquer bens que sejam, não é suficiente, apesar de importante. É preciso então mobilizar outros tantos elementos!

Com essa experiência sensível da Estação aprendemos que:

a) É preciso ter coragem e apostar no ser humano; CRER para VER.

b) É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã (Renato Russo);

c) Se fazer só, é perder a oportunidade de aprender;

d) É possível dialogar com os diferentes territórios educativos para que o lugar de cada ‘um’ possa ser apreendido;

e) As crianças são a expressão da esperança. Seus olhos anunciam que “UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL”!

f) Os olhos não são a principal condição para ler. A leitura é, sobretudo, produto da sensibilidade;

g) São múltiplas as vozes da denúncia! Os olhos sedentos denunciam! A voz firme denuncia! As limitações vencidas denunciam!

g)Leio para ser melhor para alguém e não para ser melhor do que alguém;

h) A Estação não matou a nossa fome. Alimentou o nosso desejo!



.....”Você entrou no trem e “NÓS” na ESTAÇÃO...”

O QUE A ESTAÇÃO PROPÕE

1. A leitura não pode ser privilégio de alguns. Os acessos têm de ser múltiplos e plurais para os que enxergam com os olhos e os que enxergam com outras habilidades;

2. Fomentar um novo comportamento leitor: É preciso LIBERTAR as crianças da prisão das “regras” da cultura do “NÃO” como se elas não tivessem condições de decidir, de optar, de querer e de desejar; de ler o que escolher;

4. Investir na educação do olhar para que eles alcancem o não explícito e compreendam o mundo para além do óbvio!

5. Reconhecer que os preconceitos não estão superados. Reconhecê-los é condição para seu enfrentamento;

6. Investir nos potenciais locais pela sua diversidade e pluralidade;

7. Apostar na diversidade, nas diferenças, nas múltiplas experiências;

8. Ampliar o debate sobre inclusão nas comunidades, escolas, meios de comunicação.

9. Investir na reconstituição da memória histórica do município para implementar o desenvolvimento da memória do presente;

10. Recuperar, restaurar e preservar o patrimônio histórico material e imaterial dando uma nova função considerando as demandas da contemporaneidade;

11. Recuperar a visão do patrimônio histórico material e imaterial como elementos de identidade de um povo. Como produto de suas lutas e construções históricas;

12. Investir na sensibilização da comunidade, educando o olhar para o sentido do cuidado, do coletivo do “meu que é seu”.

13. Apostar nas escolas como territórios educativos na construção da autonomia;

14. Investir na criação de um arquivo público digital em múltiplas linguagens, do patrimônio material e imaterial;

15. Tornar público a Lei do Patrimônio já existente no município construído na gestão de 2001;

16. Instaurar um processo de sociedade inclusiva a partir do enfrentamento das desigualdades sociais.

EU EXISTO PORQUE VOCÊ EXISTE

A Escola Recanto do Pequeno Príncipe, Ubuntu e Livraria Officium agradecem a todos que visitaram e compartilharam dos múltiplos conhecimento concebidos, trocados e construídos na ESTAÇÃO LITERÁRIA UBUNTU

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