por Marcos Uchoa
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[NA MADRUGADA](Clovis da Costa)
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http://www.fabiorocha.com.br/neruda.htm
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A madrugada se esvai e a lua desmaia
Uma suave chuva fina molha meu caminho,
O brilho das estrelas se esmaece
E dá lugar aos cintilantes pingos de chuva
Iluminados pela luz dos homens.
A madrugada vai e a claridade vem
A lua dá lugar ao sol que com seus raios
Atravessa as gotas de chuva
E a chuva quebra sua luz em sete cores
O arco-íris
E pouco a pouco o arco-íris vai perdendo seus mistérios
Mas está longe de perder seu encanto.
A madrugada se vai, mas a chuva continua
E molha a terra e lava a alma
E faz brotar o doce fruto germinado das palavras
Só palavras, sem toque, sem olhar, sem som
Mas palavras sinceras, desnudas de hipocrisia
Lavadas na chuva e embaladas na doce melodia
Dos sonhos.
[ RIO] (Clovis da Costa)
Desço montanhas e serras
pra matar tua sede e te lava
corro em meandros mil léguas
e te molho a comida
trago-te vinho e pão
e te dou minha vida
levo-te luz e calor
inundando teus vales, invadindo teu lar
e atravesso os teus olhos
se um teu bem em meu corpo vier se afogar
mas rego a flor dos teus sonhos
pra que possa brotar
sigo na noite em silêncio
E me faz companhia o luar
Levo tua mágoa em minhas águas
Pra bem longe do teu olhar
Lavo a impureza dos homens
E deságuo no mar
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[um dia vai ser] (Paulo Leminski)
pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
um dia vai ser
só não sei quando
RAZÃO DE SER
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
por Euvaldo Macedo -
http://galeriamagem.blogspot.com/2010/08/concurso-de-fotografia-rural.html
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Gosto quando te calas
"...Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu... "
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu... "
Pablo Neruda
Vês estas mãos?
Mediram a terra, separaram os minerais e os cereais,
fizeram a paz e a guerra, derrubaram as distâncias
de todos os mares e rios,
e, no entanto, quando te percorrem a ti,
pequena, grão de trigo, andorinha,
não chegam para abarcar-te,
esforçadas alcançam as palomas gêmeas
que repousam ou voam no teu peito,
percorrem as distâncias de tuas pernas,
enrolam-se na luz de tua cintura.
Para mim és tesouro mais intenso de imensidão
que o mar e seus racimos
e és branca, és azul e extensa como a terra na vindima.
Nesse território, de teus pés à tua fronte,
andando, andando, andando, eu passarei a vida.
Mediram a terra, separaram os minerais e os cereais,
fizeram a paz e a guerra, derrubaram as distâncias
de todos os mares e rios,
e, no entanto, quando te percorrem a ti,
pequena, grão de trigo, andorinha,
não chegam para abarcar-te,
esforçadas alcançam as palomas gêmeas
que repousam ou voam no teu peito,
percorrem as distâncias de tuas pernas,
enrolam-se na luz de tua cintura.
Para mim és tesouro mais intenso de imensidão
que o mar e seus racimos
e és branca, és azul e extensa como a terra na vindima.
Nesse território, de teus pés à tua fronte,
andando, andando, andando, eu passarei a vida.
Pablo Neruda
Quero saber
Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com u te dou o meu
com uma condição: não nos compreender
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com u te dou o meu
com uma condição: não nos compreender
Pablo Neruda (Últimos Poemas)
http://www.fabiorocha.com.br/neruda.htm
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DE GRAMÁTICA E DE LINGUAGEM
Mario Quintana
"...Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto... "
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto... "
http://www.velhosamigos.com.br/AutoresCelebres/MarioQuintana/marioquintana2.htmlDe Gramática e de Linguagem
PROJETO DE PREFÁCIO
Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.
Mario Quintana



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